AKMU adapta a tendência ao seu estilo para 'Dinosaur'.

akmu dinosaur gif

E heis que o YG, em mais uma tacada de mestre, resolveu trazer o AKMU de volta à vida em meio ao reinado de veraneio da SM, com seus Red Velvet e EXO, enquanto Heize enfrenta de jeito os maintream.

Se comercialmente pode não funcionar direito, musicalmente, a satisfação é plena:


O AKMU é meio ~diferentão~ na zona central do kpop, quanto mais como indivíduos da big 3. Pescados da Season 2 do Kpopstar, temia que seu estilo não se adequasse nos termos e propostas da empresa, o que os relegasse a um descaso esporádico que consequentemente barraria o talento e popularidade que poderiam atingir com selos propícios. Ledo engano. Quanto sua vendagem, o AKMU sempre conseguiu justificativas sólidas para a empresa apostar mais e mais em si; e brilhantemente, conseguiram manter a pegada mais rebuscada sem soar pretensiosos ou defasados.

Até por isto, este retorno vem antes do previsto, cerca de um semestre desde o último rentável comeback, para um novo single - dessa vez de verão. Tão inesperado quanto o comevolta, é o gênero adotado pela dupla - um bem familiarizado Tropical House.

E se isto poderia atrair dúvidas - se é que alguém ainda questiona seu potencial -, o primeiro minuto de Dinosaur já oblitera os resquícios de desconfiança. É reconfortante ver como ambos ainda parecem ter tanto a mostrar. Mesmo aderindo ao popular, eles adaptam-o ao que sabem fazer, e não sacrificam sua essência para agradar aos adoradores de sol e farofa.

É algo que vale muito a menção, pois mesmo outras faixas de Tropical que curti poderiam ser facilmente performadas por artistas diversos, talvez sem o mesmo gabarito vocal, mas pelo arranjo convencional, vide Why e Why Don't You Know. No K-pop, foi apenas o Red Velvet, alguns dias atrás, em Zoo, que fez uma releitura própria de si do gênero. E agora, o AKMU.
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As vertentes clássicas e/ou complexas são deixadas de lado, mas a harmonização melódica não perde lugar para refrões barulhentos - já a batida é acertadamente viciante, mas minimalista e com o doce e carinhoso toque de Soo-hyun, o que novamente evoca a nostalgia melancólica presente em seus melhores releases. Nostalgia deliberadamente encaixada, já que a cativante e ingênua letra lembra a infância dos dois e o medo de Chanhyuk por um dinossauro que atormentava seu sono. Poderia soar como uma metáfora para abalos maiores, mas tudo parece confluir para o caminho mais direto e infante do grande réptil mesmo.

O MV, aliás, é o melhor desde Melted, recheado de belos e produzidos takes, com planos abertos que aproveitam bem as locações verdejantes. Muitos a comparam com Stranger Things na mescla visual e narrativa, o que não deixa de ser acertado, mas vale lembrar que Stranger Things própria é uma homenagem ao audiovisual dos anos 80, popularizado por cineastas como Spielberg e George Lucas. Nisto, ela lembra esse reino fantástico não apenas visto nos universos dos nomes supracitados, mas também em Super 8, outra homenagem à época, mas feita em 2011, por J.J. Abrams, célebre pupilo de Spielberg. E sem deslocar da Ásia, há muito do Ghibli nas ambientações e criaturas. É uma cinematografia completa entre estética e espírito e certamente não reclamaria se houvesse continuação.

Tudo soa crível ainda mais com a impecável química dos dois. Não se sabe mais onde termina o real e começa o fanservice, já que a YG deve ter percebido que a relação dos dois é uma das principais características do AKMU; é fofinha e sincera. Entretanto, ela jamais parece artificial, sendo, desde o debut até hoje, latente.
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Ao explorar este novo lado sem perder êxito, ganha o público. Vida longa ao AKMU.

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