Enquanto o mainstream derrapa, os obscuros April e 24K brilham.


Eu ando meio desligado de tudo ultimamente. Não costumo dar prioridade à faculdade (não façam isso), mas este semestre anda tão exaustivo que mesmo um comprometimento parcial suga (Baekhyun could never) as energias.

Foi um susto então me atualizar hoje à noite e me deparar com uma enxurrada de releases. Alguns eu até já havia conferido anteriormente, mas é muito grupo coadjuvante do cenário lançando coisa nova ao mesmo tempo: KNK, 24K, April, Highlight, ASTRO, Baek A Yeon, A.C.E, a guria com nome de chiclete do Kpop Star. Alguns me decepcionaram. A maioria eu não esperava nada e nada recebi.

Mas o lucro está na oferta inesperada. E neste arbusto simplório, dois grupos, surpreendentemente, mereceram um lugar na playlist e alguns elogios.

Um deles é o 24K, que ressurgiu em nova roupagem:


O 24K teve um 2016 sólido. A ponto que receberam holofotes ausentes nos outros anos de carreira - eles estão na ativa desde 2012(!!!). Parece que a empresa aprendeu e em seu primeiro comevolta de 2017 conseguiu manter a sonoridade dos rapazes interessante e digna de várias repetições, ao mesmo tempo que não os satura em repetir o estilo que vinha desde Super Fly, passando por Still e Bingo. Todas foram êxitos. Mas uma hora enjoaria.

Only You mantém a vibe ultra-moderna baseada quase que exclusivamente em sintetizadores e breaks cheios de firula e agitados, mas ao contrário dos singles supracitados, que investiram num clima pesado e na pose badboy dos rapazes, Only You é leve, descontraída e flexível. Um ou outro integrante com timbre mais grosso não consegue se mesclar inteiramente ao ritmo, mas as vozes mais assíduas da canção se adéquam melhor na proposta da faixa. E um brinde aos breaks, pois não lembro de ter ouvido nada semelhante. É inventivo o suficiente para colocá-los fortemente no radar de Nugus. E ainda rolou uma ironia implícita bacana ao decadente GOT7 nos Forever Ever.

E se a insignificância do 24K no panorama geral denota contraponto na sua qualidade recente, outro ato que estampa o título deste blog recebe um olhar devidamente incrédulo por finalmente entregar algo que não caia no poço do esquecível. E aqui falo do April, que adiou se retorno para Maio e ainda tirou sarro. Com vocês, May...Day:


Foi com espanto que constatei que as meninas já tiveram 5 MVs antes deste. A impressão é que elas só tiveram o debut, pois todas se parecem, no pior sentido possível; sem sal, insossas, sem apelo, genéricas. Amebas musicais. O fim parecia inevitável, pois os números não ajudavam.

Mas sempre há tempo para retomar. As gurias são lindinhas e jovens, a face da inocência. Tudo que o coreano médio quer de um girlgroup. É só não vacilar tanto no que é direcionado aos ouvidos que o sucesso ou algo próximo a ele se torna inevitável. Não que elas venham a se tornar um girlgroup de primeira prateleira, mas ao menos conseguir uma carreira de 6, 7 anos consistente e com fanbase cativa não deveria ser tão difícil nestas circunstâncias.

MayDay, após 2 anos, finalmente é uma aposta no futuro do grupo, uma amostra de diversidade, carisma e talento. Não é todo mundo que inicia um vídeo com batidas em 8-bit e gemidos eróticos. Por mais que a doçura aguda dos vocais flerte com o Aegyo, os produtores aprenderam bem com sucessos recentes do Red Velvet e Twice (mesmo produtor de Jelly Jelly), e até mesmo b-sides empoeiradas de EPs passados do próprio April, e promoveram sabiamente num tom levemente Teenage Creepy. O tempo acelerado contribui para esta sensação enervante, mas sempre segura e sorridente. Conseguiram chegar a um meio-termo entre a imagem dócil sem deixar de ser instigante.

E se MayDay evoca o Veludo Vermelho e o Duas Vezes, Lovesick se inspira em outro girlgroup referência atual, o Gfriend:


Novamente, destoa positivamente na discografia delas. Mas desta vez, a inspiração mais sabotou do que beneficiou. Se MayDay tinha identidade própria e funcionava sem nos fazer pensar o que ela seria nas vozes das meninas da SM e do JYP, Lovesick só desperta saudades das namoradinhas da Coreia e no mínimo a dúvida se elas mesmas ou até o Oh My Girl ou o Lovelyz, atos com melhores vocais e produção, poderiam fazer com a melodia. E mesmo assim, ela se agarra no synthpop do Gfriend sem trazer o melhor dele; claro que por um lado isto evita acusações de plágio descarado. Mas por outro, sem os riffs, os berros e o drama, ela soa apenas...comum demais. Exatamente como o catálogo descartado dos grupos mencionados acima. Coisa de segundo escalão.

Ainda assim, é uma evolução palpável. Um ponto e meio de dois. Se considerar que até aqui elas estavam com zero, é de aguardar o melhor.

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