Twice: Twicetagram - Album Review

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A cartilha o Twice iniciou com tremenda expectativa e, consequentemente, os prós e contras disto. A parte boa é que sua estreia receberá a devida atenção - público, que irá movimentar a imagem do grupo através de seus produtos. É o grande objetivo de todo ato formado e não à toa a busca compulsiva pelo sucesso tem proporcionado a nova onda de Realitys com flops.

O negativo é o lado contrário da mesma moeda. Com esta atenção, vem a pressão resultante de tantos olhares e ouvidos voltados a si. Não fossem satisfeitas as vontades do espectador, não apenas poderia-se perder a celebrização e glamour do grupo, como defenestrar seu nome para quem seriam os novos acréscimos em sua fanbase. É assim que atos inicialmente comentados caem no esquecimento, como o Astro e NU'EST, por exemplo.
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As meninas do JYP, já sabemos, passaram com folga no teste de transição entre a teoria e a realidade e hoje podem ser consideradas as únicas integrantes do primeiro escalão de girlgroups ativos, passos acima de concorrentes da nova geração e nomes mais antigos, como o estável Red Velvet. Concorde ou não, elas vendem, atraem e monetizam quantias enormes.

O passo natural agora que estão sólidas na indústria, seria evoluir dos frequentes EPs para um LP. Após arrebentarem no Japão com um resquício da saudosa onda Hallyu, quebrando recordes que ninguém mais achava possíveis desde que KARA e SNSD departiram da terra nipônica, chegou a vez da Coreia receber seu disco de inéditas, junto ao terceiro comeback das gurias no ano.

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O resultado é o conceitual Twicetagram, cuja significação não poderia ser mais cabível e natural à aura juvenil e moderna do Twice.

Fiquem com o link o Youtube, visto seu repertório não estar disponível a ouvintes brasileiros.



Abrindo a experiência, Likey é uma projeção inteligente e imersiva para iniciar os mais de 40 minutos musicais. Numa geração hiperativa e que encontra estímulos a cada esguelha luzidia ao canto do olho, faz-se necessário um ímã imediato. Como eu disse na review do comevolta, já iniciar com o refrão é como nos jogar de súbito para o centro do furacão, de onde você não consegue sair. Aí seria questão de criatividade e competência para dizer que gostaríamos ou não de sair de lá - ok, utilizar um furacão como analogia não serviu muito bem aqui.

O Electro-pop é genérico no mundo pop, obviamente. No K-pop, especialmente comum entre grupos de conceituação mais voltada ao pueril e inofensivo, como o WJSN, Lovelyz, Laboum...Como toda concorrência, deve haver um fator que faça suas escolhidas se sobressaírem. Ainda que não invente a roda, a doçura dos vocais e o carisma das integrantes do Twice é suficiente para que elas estampem nossa mente acima de outras. É banal? É. Mas é divertida demais, melhor que tudo feito por elas desde TT, e certamente estará bem colocada no ranking de final de ano.

É o poderoso efeito de Likey que nos mantém firmes pelos 3:18 minutos de Turtle, que não merece ser negativada, e sim maleficiada pela organização. Há outras canções softs no álbum, e encaixá-la logo após o barulhento single não apresenta coerência alguma. Aos com melhor discernimento auditivo, é o momento e relaxar e comprazer os subestimados vocais de algumas meninas, no caso, principalmente Nayeon. E aos com tempo para conferir as linhas, recomendo prestarem atenção aos versos entonados delicadamente por Dahyun, comumente estereotipada ao rap debiloide (não é crítica). O que pesa contra é a destituição de identidade da faixa, visto que os agridoces vocais, com o arranjo acústico são o tipo de b-side que preenche dezenas de tracks anuais.




Missing U inicia como follow-up natural de Turtle, e se você não se incomodou com a suavização repentina do ritmo, a música, composta por Dahyun e Chaeyoung, irá agradar. Os pacientes não ficam atrás, pois logo serão brincados com a build-up carinhosa e empolgante, como uma insert song de anime quando um personagem taciturno é levado a um passeio ensolarado por seus amigos. É uma sensação de pique-nique, digamos. Ao contrário de Turtle, sua positividade é a marca do grupo, e provoca um delicioso sorriso no rosto. E, é claro, há o rap para destacar as duas rappers responsáveis pela composição.

Novamente animados, somos apresentados a WOW, que segue a mesma risca de Missing U, em contrastes entre a calmaria vocálica e a crescente barulheira da back track. Falta pulso. É o mais próximo do que eu chamaria de filler no álbum, o que deixa a situação levemente empacada para um primeiro quarto.
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FFW (Fast Forwart), se você é como o Igor e só curte coisas upbeats, irá retomar o caminho do arco-íris. Sua descontração é contagiante e, fora Likey, a mais assumidamente adolescente do projeto. Faz boa dobradinha com Ding Dong justamente por recuperarem o espírito líder de torcida que tínhamos visto lá em Do it Again, de "The Story Begins". Menos diabólica e provocativa, entretanto, Ding Dong é genuinamente zombeteira, como uma criança que se esconde com o celular do irmão mais velho e aparece nos lugares mais inimagináveis mostrando a língua e proferindo sílabas desconexas (Pung Pung Pung).

Mesmo com o clima de festa infantil de volta, Likey ainda era intocável em termos de representatividade anímica. Heis que 24/7 chega como uma inundação de energia, semelhante a Red Flavor (mesmos compositores). A faixa, cuja letra é autoria de Nayeon e Jihyo, estabelece o ideal de alegrar o ouvinte, ao começar de modo misterioso e quase soturno, para logo crescer de modo irremediável e até com certa maturidade, onde é dispensável qualquer conhecimento linguístico, pois o ritmo e a harmonização das meninas, desta vez com brilho de Jihyo, são o suficiente para nos fazer fechar os olhos e apenas aproveitar as sensações inebriantes ampliadas pelo break final.
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Nunca é fácil suceder algo ótimo. Mas após, provavelmente, repetirmos 24/7 algumas boas vezes, vamos a Look At Me, com um synth à lá final dos 90/começo dos 2000, sem grande brilho, mas com certo replay factor pelos robóticos "Look At Me", apesar de que é das principais candidatas a pararem no filtro das playlists.

Após clamarem pela atenção do Oppa, com Rollin, é restabelecido o girlpower, e mesmo que as integrantes não contenham um timbre agressivo, os sintetizadores compensam. Também é digno mencionar a boca dinâmica das gurias no pré-refrão, onde a troca frenética de vozes soa interessante, e a referência a Michael Jackson - AU!.
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Estreando o quarto final (+1), Love Line é a já manjada mistura de techno com romanticismo dos vocais, e também onde a fórmula de construir a canção do lento ao borbulhante com aumento de ritmo no clímax atinge saturação, o que se repete em Don't Give Up, como um livreto de autoajuda feita por um padre iniciante e sem respaldo cívico. Aqui, você começa a se perguntar se não seria melhor organizar um novo EP com as boas faixas e, no máximo, 1 filler pra não perder o costume. Nem mesmo as pronúncias e staccato servem de diferencial, pois a equação é monótona.

Acreditem se quiser, a modorra das duas faixas acaba tornando um alento a chegada da baladinha pop You In My Heart, o que normalmente revira os olhos de vocês. Mas seria apenas pelo enjoo anterior ou mérito próprio? Os dois. Não chega a ser tão cativante quando One in a Million ou Like a Fool, mas o uso mais leve do Techno no refrão deixa as vozes se destacarem sem enfastiarem em suspiros. O clima chega a subir a partir disto, mas a impressão ainda é de de auto-reflexão.

Na manha tradicional em encerramento de álbuns, não é difícil prever que Sleep Tight Good Night seja uma balada raiz e devidamente moribunda, como de fato é, uma despedida. É bem-vinda a substituição do eletrônico pela cobertura confortável o violão, que por vezes esmiúça tons latinos, e os vocais flertam com o acapela e até o doo-wop. Fortuitamente, eu gosto mais e ballads que grande parte de vocês demonstra, e mesmo sendo previsível, acho o desenvolvimento do encerramento digno e notável. Já foi pro celular e, momentaneamente, não será pulada de playlists. É um modo correto e bem executado de de se dizer um "até logo" agridoce.
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Ao fim, por terminar suas atividades de modo satisfatório, permeia o clima de melancolia e de que escutamos algo saudoso e enganosamente melhor do que foi. Não caiamos nisso, ma também não extrapolamos o tédio de seu trajeto final. Twicetragram é desigual, irregular e barrigudo além da conta. 2 faixas a menos, seria fantástico. 3 a menos, memorável. Não foi o caso e a avaliação não pode se basear no desejo. Logo, Twicetagram justifica sua existência, mas com uma gordurinha a mais que deixa um gosto amargo e desnecessário.

O resultado é um honesto 7, com uma jornada que por vezes beira o 9, e por outras, 5.
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