Gfriend retorna às origens em 'Love Whisper', e isto deflagra alguns problemas...

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"(...) quanto a falha chegar, eu não estarei preparado."
Foi com essa frase que encerrei, há mais de um ano, meu elogioso post sobre Navillera. Ali, o Gfriend estava no alto da montanha; visível a todos e com iluminação celestial direta sobre si. Estava em evidência. E não era pra menos; advindas de empresa insignificante, cavaram seu espaço no cenário e, com uma identidade que mesclava o pueril fetichista que os coreanos tanto gostam com instrumentais característicos e mais agressivos, conseguiram conquistar um amálgama maior de capopeiros. Em uma geração decepcionante e baseada em rostos, era certamente quem mais recebia admiração.

A única crítica a elas era a falta de versatilidade. Os reboots modernizados de Into the New World funcionaram e os produtores não ousavam desistir de sua estrutura. Não mais. No começo do ano, trocaram o vestuário e mostraram novas facetas com Fingertip.

Ingenuidade. Pois aí entrou em cena a hipocrisia do povão, que clama mudanças, mas não apoia. Pois Fingertip, por melhor que fosse, foi uma queda de vendas hercúlea delas, que não tinham, até então, nenhum single aquém do milhão. E de repente, penaram para ultrapassar 500 mil. Longe de ser um flop, verdade, mas um susto tremendo para seu padrão. "Não somos garantia de sucesso incondicional", devem ter imaginado, saindo assim de seu arem paradisíaco onde tudo dava certo.

Não é de se surpreender, portanto, que seu comeback desconsidere qualquer sinal de mudança e volte sorridente para o conceito que as popularizou como se nada tivesse acontecido:


Está aí. De volta o Synthpop Aegyo e carinhoso visto em seus primeiros 4 singles, evocativos não apenas de ITNW, como na piada, mas também de Fin KL e SES, que inspiraram o debut das soshis. A nostalgia de sempre, com locações bucólicas e quase oníricas com o excesso de brilho verdejante, como se o sol estivesse se esforçando para sintetizar toda a pureza das meninas através de seus raios. 

Pareço como um rancoroso que se sente abandonado. Mas não. Não haveria problema algum com este retorno ás origens. Adoro Fingertip, mas ainda acho Rough e Navillera superiores. Enquanto a juventude permitir incorporarem adolescentes sem forçação e o resultado for sonoramente interessante, eu estarei pronto para ceder meu tempo e audição para os já esperados riffs de sintetizadores, os agudos de Yuju e a bridge de guitarra, que hoje são para o Gfriend como o rivotril para o Apink.

O que me entristece é uma certa melancolia em ver sua carreira estacionada nisto por desinteresse do nicho consumidor. É como a confirmação de que o sucesso está na imagem que passam, e não em seu potencial e talento. Talvez um pouco óbvio quando vemos a indústria em panorama, mas sempre há esperança de que dessa vez será diferente, o que poucas vezes acontece. Talvez tenha sido um pouco cedo demais, talvez tivessem se inspirado no próprio SNSD, que retardou mais até abandonar a infantilidade de suas faixas (não exatamente em tempo, mas em singles, visto que foram 3 anos e 7 canções principais até um Run Devil Run).
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E eu vejo, taciturnamente, esse abatimento nas meninas. Os pulos descontraídos e a alegria de compartilharem a calorosa amizade estão lá, mas intimamente, jamais soou tão artificial e fraquejante quanto em Love Whisper. Não tem o rombo de imprevisibilidade de Glass Bead, o charme estrangeiro de Me Gustas Tu, a intensidade de Rough ou a vibração de Navillera. É um simulacro em meio-termo de todas estas. Uma demo inacabada destas lançadas para caça-níquel, mas de nomes consolidados, não um ato que busca reencontrar seu caminho e descobrir quais as verdadeiras intenções dos ouvintes para consigo. "Gostam de nós, ou gostam de uma ivisão idealizada nossa?"

Desesperado para mostrar que elas ainda sabem se fazer de inocentes, o próprio título parece gritar, para antigos stans distanciados, que o Amor jovial está de volta.

Para o bem deles e, talvez, novas tentativas de algo diferente, espero que a resposta financeira seja a esperada. O que seria pior do que perceberem que o estrondoso sucesso foi um lampejo já dissipado? É um período de instabilidade e nervosismo para fãs e para o grupo, não duvidem disto.

Torço, logo, por elas. Mesmo estando decepcionado como nunca. A falha chegou, e mesmo desconfiado, eu não estava preparado. 
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