Em comeback, Taeyang mostra reconhecer o que tem de melhor.


Eu não gosto do Taeyang. O que ele fez no, sendo eufemista, incidente do Instagram, não é algo que alguém de bom caráter pratique, chame isto de zoação ou não.

Mas o cantor Taeyang possui suas virtudes. De voz distinta como floreio, basta apenas uma escutada em seus singles pós-era do autotune, artifício que YG abusava com pompa de virtuosismo revolucionário( Há quem goste, mas tente sobreviver aos primeiros lançamentos de 2NE1 ou um Ringa Linga, por exemplo), para assimilar rapidamente o dono.

Em 2014, no super hit Olho, Náriz, Lábios, mesmo que a impressão seja de que a fanbase só absorveu sem abdômen, o integrante do BigBang demonstrou uma intensidade sônica impressionante - e tocante, no contexto. Sem acrobacias robóticas e firulas Pop ou trap ao fundo, teve espaço para brilhar. E conseguiu.

Passaram 3 anos, mas finalmente ele voltou. E o resultado é misto. Porém, confirma o novo estilo do Idol:


Wake Up adere a um clima inicial de balada para expressar a paixão onírica de Taeyang, o que cria uma situação previsível onde há o crescendo final que busca, sempre, nos deixar ávidos por mais, empolgados e empáticos com a trama do rapaz. Só que eu achei um tanto disfuncional. Não é uma proposta inovadora, mas nem por ser repetitiva ela falha. E sim por ser...xarope.

Tanto no final, que busca ser empolgante na beira dos berros de seus apelos, quanto no começo-meio, que transita paulatinamente entre o melancólico e o desejoso, falta convicção a Wake Me Up. Os sintetizadores são os principais responsáveis por quebrar o clima. Então mesmo que seu timbre seja adequado para chorosidade, o arranjo não soa equilibrado. É um meio-termo salgado, quase frustrante. Não emociona nem motiva. Logo, chega a lugar algum, como a carreira do Apink KNK.

O bom disto é que o hype, já nulo, encaminha-se para o pessimismo.


E no pessimismo, sempre é mais fácil se contentar com pouco.

Entretanto, sendo franco, Darling é mais que isso. Darling, ao menos no que minha percepção diz agora, é uma das melhores canções de Taeyang, e a sucessora natural da apaixonada ENL; uma balada em essência carregada a toques simples, porém precisos de piano, onde o breve crescendo no pré-refrão dá uma verdadeira aula ao single anterior de como modular a vibração de uma música para atingir o intuito sentimental do receptor - nós, no caso.

Até mesmo a modorra visual do MV funciona justamente por estar de acordo com a faixa - e sendo esta boa, o MV adquire um nível elevado igualmente. O pesar aéreo do artista, a névoa que enubla seu caminho, o plano-geral que o mostra insignificante ao meio ao gelo - uma metáfora óbvia para como ele se sente após a ruptura amorosa.
Tinker Bell, o Retorno. 
Caso não tenha ficado claro em minhas redições meteóricas, Taeyang merece todo o mérito por Darling operar com graça. Como disse, o piano é bonito e o MV simplório, mas bem executado. Entretanto, é definitivamente sua voz que dá o norte, o combustível para o geral obter êxito. Funciona melhor em sua suavidade que no roufenho GD, em cotejo. Caso contrário, poderia soar como mais uma tentativa de genocídio virtual vindo de Charlie Pute. 

Ainda não gosto de Taeyang como pessoa. Mas sabendo separar o real da carreira, é impossível não lhe conferir agradecimentos. 

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