BlackPink acerta novamente na estreia de seu novo lado.


Há sempre um benefício na velhice: a experiência. Você regularmente terá mais ideia do que esperar de um conteúdo específico e automaticamente (des)constrói a expectativa baseado no que a vivência lhe trouxe; aprende o que aguardar da comida de tal restaurante, do filme de tal diretor, a atuação de tal ator/atriz e, adequadamente, o comportamento de uma pessoa.

Assim, se você percebe que uma espécie de desonestidade ou índole duvidosa, pra dizer o mínimo, é constante nas ações desta pessoa, e não execuções de exceção, é optativo seguir insistindo nela, como muitos fazem em relacionamentos, ou se resignar e apenas acompanhar tal pessoa de longe, sem nutrir afeições maiores.

O YG, em seu modus operandi, é um espécime in vivo perfeito desta descrição. Ele já deu exemplos mais do que suficientes para afastar qualquer seguidor. Mas sempre há a comunidade de iludidos que permanece fiel ao empresário. Não me interpretem erroneamente, não condeno quem staneia algum artista da empresa. Isto é basicamente incontrolável. Me refiro exclusivamente ao YG e suas promessas. O comeback do 2NE1, o debut repetido doentiamente por anos de um supost novo girlgroup e até boygroup, até surgir o Winner, inclusive sendo pretexto para adiamento de releases de atos da casa. O precursor do BlackPink, inclusive, se tornou uma das maiores lendas urbanas do Kpop, o tal do PinkPunk, que foi adiado até que metade das integrantes saíssem da empresa, algumas entrassem em ostracismo e, finalmente, 4 escolhidas formassem um novo grupo já com a sombra iminente da disband do 2NE1. 

Nisso, em seu debut, o YG prometeu uns 8 comebacks até o final do ano de 2016, que se compactaram, naturalmente, em 4.

E agora, como quem nem tenta, passados 8 meses desde sua última promoção na Coreia, o quarteto retorna com apenas um single, em contrapartida a basicamente todos os retornos duplos recentes dessa proposta estipulada pelo YG.


Segundo as próprias integrantes, a canção seguiria um estilo diferente de seus lançamentos prévios, que eram mais "Blacks". O objetivo agora era explorar a imagem "Pink", se aprofundar numa dualidade conceitual cada vez mais habitual desde o Red Velvet.

A mudança não é tão perceptível quanto uma comparação entre Happiness x Automatic ou Rough x Fingertip, mas claramente há uma estética brilhante e multicolorida pouco refletida até então, visto que o YG é sabiamente um EMO, e todos seus grupos são escravos contratuais da negritude do ambiente, vultos, neblina e drama ou molecagem, de acordo com o sexo da galera envolvida.

A diferença fica mais visível no MV, suas cores e representações das integrantes. Sem a balaca de Boombayah e Whistle ou a sofrência de Stay e PWF, AIIYL é alegre, vibrante e menos presunçosa, sem as inventividades canastronas normalmente encontradas aqui acolá em produtos da YGE, e sim uma estrutura ortodoxa e que, como será corriqueiro em toda a extensão da carreira do PretoRosa, acabem elas mês que vem ou em 2047, lembra o 2NE1. O rap de Lisa lembra - deliberadamente, sem dúvidas - o de CL e Rosé tem um timbre semelhante a Bom. Até Jennie tem um quê reminiscente de suas Unnies. Jisoo se escapa das comparações, mas 3/4 é mais do que suficiente.

E que diferença isso faz para eu dar tanto enfoque? Para mim, nenhuma. Para Blackjacks viúvos, alguma, como podemos ver em qualquer seção de comentários onde o MV sirva de discussão. Já a vi comparada com Gotta Be You, Scream e Falling In love. Certamente se adequaria bem como b-side em algum dos álbuns do 2NE1.

Nisto reside o "porém" em relação à faixa. B-side. Eu gostei de AIIYL. Achei divertida e dançante, a velha miscelânea característica no Kpop e que aqui confere o ar regional em meio aos ritmos e individuações Ocidentais, com um Synth retrô, alguma instrumentalidade tropical pelos versos e bridge da Lisa e um show de EDM pelo todo. O que lhe falta é um refrão mais explosivo e colaborativo com o resto. AIIYL tem um crescendo básico e que todos gostamos, e o hook deixa a desejar quando descalabra para um Pop rechonchudo de menininha sem tanto sentido no arranjo.

Mas, novamente, eu gostei de AIIYL. Com este refrão, a dou facilmente uma nota 7. Com um mais coerente, poderia ser um 8, 8,5. Demais para você? Pois eu estou cada vez mais entrosado com o BlackPink. Com elas, e não com o YG. Acho as meninas lindas e carismáticas, sem nada a desejar no quesito talento com a concorrência.

Entretanto, essas pequenas doses semestrais forçam uma limitação de empatia. Talvez, se ele já abdicou de um double A-side, poderia repensar o sistema de vendas e ensaiar um LP ou EP com ao menos umas 4 inéditas, fora singles, e não um LP futuro com as 5 liberadas até aqui mais 2 ou 3 músicas futuras. O valor mercadológico delas é bom e estabilizado com a indústria atual, onde não se vendem mais números colossais, e essa super-exposição inicial poderia ser trocada por uma promoção estrategicamente distribuída. Todos se beneficiariam. 


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