TT se torna o MV mais visto de um GirlGroup - O que isso significa para o Kpop?


Os Sones tentaram, se esforçaram, organizaram pequenos "mutirões" de views, mas não adiantou. Como previsto desde os vários recordes obtidos em seus breves dias em atividade, TT ultrapassou I Got a Boy neste 07/05/17 para virar o MV de GirlGroup mais visto do Youtube (o 3º mais visto de Kpop, desconsiderando Psy, que ocupa as 4 primeiras posições e então a 6, tendo apenas Fantastic Baby como intrusa na quinta colocação). E é questão de tempo para que também alcance a simbólica marca de 200 milhões.

Conhecendo a natureza geral de kpoppers, vocês devem imaginar o fuzuê interno que isso tomou, um terremoto colossal na ínfima escala englobada na bolha de fãs do Pop ao Sul do Paraleo 38, mas já expansivo em relação às fanbases específicas. Na certa um circo para os espectadores. Mas que diz muito sobre a inimizade latente que assola nosso nicho de escravos do Pop Oriental. Agora são (alguns) Sones e Onces, Ontem eram EXOtics e Armys. E amanhã?! A considerar, estes conflitos ao menos caracterizam alguma relevância e expressão no cenário. Não vemos o fandom do Masc digladiar com o do Snuper, por exemplo. Um alto número e reconhecimento traz sempre suas consequências. 

Enfim, caso esteja (milagrosa e abençoadamente) por fora, funciona assim: Sones destacam a injustiça do acontecido e buscam, pateticamente, recordes e números passados para iludir a frustração que sentem ao verem um ato com menos de 2 anos tomar a frente nas duas centenas de milhão. E o pateticamente que escrevi não toma lado. Cuidado na interpretação. O uso pelo simples ato dos fãs se darem ao trabalho de levarem ao lado pessoal o recorde de outro grupo. O esforço em procurar refúgio em outros números acusa o golpe, como se o Girls' Generation devesse algo a algum girlgroup. Se o intuito é justamente sublimar a grandeza das Soshis, nada melhor do que ficar quieto. Entrar - ou criar - em uma rixa é tudo que os arruaceiros no lado dos Onces também desejam. Atrições entre descontrolados não beneficiam ninguém. Só conferem má reputação aos envolvidos. Não à toa, até hoje Sones sofrem com a imagem obscena adquirida nos primórdios das batalhas com Blackjacks. Este mesmo processo já se iniciou com os Onces. Fiquem de olho, pois é algo que os perseguirá em toda a trajetória das meninas. 

Digressões à parte, voltamos aos arruaceiros virtuais, pois sto que estes membros de fandons são. E de todos. Não há seletividade na fúria. Mas divago. O parágrafo acima foca nos argumentos Sones. Os Onces, por outro lado, vangloriam-se pelo presente, como se os duzentos milhões e tantos outros MVs bem-encaminhados para mais dígitos acachapantes confirmassem a alcunha de "novo girlgroup" da nação. Knock Knock caminha para a primeira centena, e então o Twice se tornará o primeiro e único grupo a ter todos os seus vídeos acima da supracitada quantia. Ainda, atingem uma marca impressionante, visto que o SNSD, em sua década no mercado, detém 5 vídeos nesta privilegiada casinha, o que o faz o grupo com maior número de vídeos dentro da quantia. O Twice, pelo contrário, deve atingir isto com...5 vídeos. Em 5.

São feitos que se sucedem caoticamente e em um período curtíssimo. Os Onces devem, sim, se deleitar nisto. O equívoco reside justamente na forma como isso tem sido feito. As duas demografias estão precipitadas, seja por imaturidade, ignorância (desconhecimento) ou simplesmente a ode ao ódio.

Tendo já surgido como "novo girlgroup" da nação, sob fulgurantes holofotes e notoriedade, além da clara similaridade no número e carisma das integrantes, o Twice atraiu imensa antipatia dos Sones pela prepotência da fanbase "adversária" ao ameaçar o post das Ex-Nine, sendo que estas ainda estão ativas e muito bem, obrigado. 

Ao se defenderem tão ferrenha e calidamente, os Sones não apenas demonstram aceitar a ameaça imposta pelo Twice, dando-lhe maior grandeza e influência sobre si, como, destarte, dão forças para os Onces, quando um simples exercício de reflexão e paciência explica tudo.

Sim, o Twice é o grupo do momento - na efêmera indústria do Kpop, seria inapropriado dizer "futuro", quando carreiras acabam em cinzas como uma fênix, mas sem renascer. Mais: Cheer Up e Ooh-Ahh, no mínimo, em breve irão também ultrapassar Gee e IGAB. Ou seja, o Twice irá ter todo um pódio feminino para si. E não apenas elas. Boombayah está no caminho, ainda que deva demorar. A tendência é os números aumentarem como um todo em MVs do Kpop, de modo que os clássicos serão sobrepujados. 

Mas isto, de alguma forma, torna o Twice maior que o SNSD? É onde habita o erro, nesta incapacidade de aceitar uma transição de eras, o que já disse há quase um ano, no post sobre as mudanças no Kpop.

O que os Sones buscam reforçar, mas sem ênfase e eloquência, é sobre a grande relevância do SNSD para o Pop Coreano, o que as brindou com o epítopo de Girlgroup Nº 1, o que realmente nunca irá ser alcançado pelo Twice, devidamente por questões temporais. Isto ocorre em qualquer nicho e aspecto mundano, seja no esporte, na música, no cinema ou na política. Novos - e em alguns casos, superiores - gênios e fenômenos surgirão, mas o culto ao passado e a memória nostálgica afetiva dos "velhos" permanece intocada e irresoluta em quem é realmente o maior. Os Onces devem reconhecer isso, mas os Sones também são culpados pela incapacidade de levar a discussão para este tópico; a maioria se perde no calor da emoção e no sentimento de amor por suas favoritas, tornando o que poderia ser uma conversa informativa e rica em algo chulo e violento.

Quando o SNSD surgiu, em 2007, o cenário no kpop era assolador: boygroups e mais boygroups doutrinavam e monopolizavam o ambiente. BigBang, SuJu e TVXQ não tinham rivais femininas na mídia e coração de fãs. Foi quando nasceram os clássicos SNSD, KARA e Wonder Girls, que iniciaram a reviravolta neste ethos. Todos desempenharam papeis pioneiros, para então termos um equilíbrio maior, com f(x), 2NE1 e etc. E dentre estes, a estrela de maiores proporções foi o SNSD, e logo, quem mais influenciou gerações vindouras. E entre estas, o Twice. Ou seja, a existência do Twice só é possível devido um movimento cujo o Girls' Generation foi o principal expoente.

E isto numa época adversa, tendo um terreno infértil e desconhecido pela frente. Aí está algo que o Twice nunca teve de enfrentar, e por isto seu papel é inalcançável por grupos modernos, independente de seu alcance. 

E se estas lembranças perseveram pelos anciões, é porque aos olhos dos novos, quem brilha são, obviamente, seus semelhantes. E, coincidentemente, nesta super-popularização do Kpop, os rostos em evidência, em ambos os sexos, são BTS (seguido por EXO) e Twice, aí com uma concorrência mais longínqua do Gfriend. Não há grande mistério ou necessidade de delongar-me aqui. Qualquer um que conviva no Kpop tem a noção. Eu, desde 2010 no meio, bem vejo a expansão nacional e internacional do Kpop. Só neste ano, MASC, KARD, BTS e Stellar foram anunciados em nossas terras, algo inimaginável até...8 meses atrás. Quando falamos em anos, então, parece imponderável.

O fato é que Kpop caminha para tornar-se uma verdadeira "modinha" -se já não o é -, e com isso aumentam os aderidos e o preconceito. E o Twice é uma das principais tendências da melhor fase mundial, majoritariamente Ocidental, do Kpop - some a isso o Youtube ser o mecanismo de vídeo mais utilizado no Ocidente, a facilidade de acesso a banda larga e o resultado é irrefutável. Tanto é que se torna mais e mais corriqueiro MVs atingirem marcas grandiosas, o que era exclusividade apenas a nomes privilegiados e de enorme visibilidade até meses atrás. Neste passo, em curto período, talvez, estes números tão comemorados de hoje sejam quase banais e insuficientes. Isto é bom ao Kpop e de explanação histórica, sem denotar nada mais. Exemplos que ilustram são encontrados no Pop Americano, por já ter enfrentado várias passagens. Hoje, qualquer troço do Bruno Mars ultrapassa, em views, clássicos de Timberlake; idem para Selena Gomez para com Madonna e One Direction em comparação ao Oasis. E mesmo estes sucederam outros nomes. 

E se o Kpop cresce vertiginosamente, goste ou não, deve-se dignificar uma nota de agradecimento ao SNSD pelo grande papel de estabilização e divulgação em períodos mais sombrios, enquanto o Twice será preponderante para a continuidade da propagação de nosso amado Pop Coreano. 

E aí, se não agora, em panorama, no futuro, será mais claro perceber como essas divergências, como quase todas as que envolvem disputadas de fandons, foram desnecessárias, apenas um conflito interno egoísta e incoerente quanto ambos deveriam congratular-se e encontrar o júbilo no sucesso de suas prediletas, pois cada grupo possui status, apoio e características para encontrar e sustentar seu papel na história sem precisar tomar ou invejar o do outro.

Não caiam na falsa dicotomia de amor e ódio. Não estamos em um livro do romantismo. Eu já demonstrei trocentes vezes aqui como valorizo o Twice - deem um search no blog com o nome do ato e verão. Da mesma forma, o SNSD seguirá eternamente como o grupo que me apresentou ao mar capopeiro. Nutro carinho por ambos. É possível gostar dos dois, ou até de apenas um, sem odiar o outro.


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