Hyuna e discípulos incendeiam a Coreia no debut do Triple H.


Troublemaker foi um marco tão icônico ao Kpop que, mesmo basicamente após 6 anos (!!!) de seu debut, é possível que, ao sair de madrugada, você veja pessoas lamentando seu fim pelas esquinas de sua cidade, embaixo de um limoeiro corpulento que inibe a claridade dos postes de luz.

Na verdade, o single foi algo tão isolado que nem o duo conseguiu chegar perto de repetir o feito no comeback, mas ignoramos isso, pois ainda assim vale mais ver a cafajestice dos dois do que os trocentos duetos românticos meloso lançados semanalmente.

Nas reminiscências nostálgicas, então, a semi-falida da Cube resolveu criar um novo atinho unissex com seus poucos artistas para emular o espírito dos problemáticos e garantir mais alguns meses de vida. Surge daí o Triple H, com a própria Hyuna e dois manos do Pentagon:


Pense no desespero dos engravatados para "causar". O Troublemaker recebeu destaque justamente por sua diferenciação conceitual do padrão comportamental visto até então representado em Idols. Logo, é compreensível que, para preencher a lacuna do próprio, a Cube tenha simplesmente resgatado a marca deles e modernizado em graus extremos. Sim, pois conforme avançamos no tempo, ampliamos e banalizamos o grotesco. O cinismo e precocidade de novas gerações garante isso, de modo que peitos ou um tiro na perna não são mais suficientes para impactar ninguém que tenha aprendido a mexer num smarphone antes de amarrar os tênis.

E nisto, Triple H, de acessibilidade geral a ausência de censura (enquanto as pernas do Stellar são consideradas socialmente depraváveis), é um martírio social ao caos. Assassinato, jorros de sangue, assalto, pegação, threesome sugestivo, amostragem física generosa e um suicídio em massa como libertação de almas perturbadas. É uma ode à imagem rebelde da juventude. E isto não vem de hoje, coisa que os responsáveis do MV bem sabem ao referenciar longas antigos como Thelma e Louise e Cães de Aluguel. 

É a libertinagem apocalíptica anti-cristianismo já visto no Troublemaker, mas expandido para adaptação e choque. Obviamente que os Korebas já estão problematizando tudo.
Get That Promo, KARD!
Nisto, quase se perde o que deveria ser o foco principal: a música em si. E isto é até bom, pois fosse o MV um marasmo de exibições ortodoxas de belos rostos e coreografias em parques aquáticos, seria um release esquecido 2 horas após a liberação. O charme do funk 90s desapareceu após o chatíssimo Bruno Mars saturar o gênero com suas insuportáveis canções, e 365 grita Bruno Mars por ser, simplesmente, a referência atual nesta sonoridade. 

A distribuição de linhas não contribui muito, sendo muito visivelmente uma tentativa da empresa em popularizar dois rapazes de um ato encarregado de se tornar sua basis no futuro. Só que os caras simplesmente não merecem nem mostram alguma característica digna de suspiros. Hyuna, por mais que seja uma figura jocosa entre o meio Kpop, sempre traz consigo o timbre cabrístico indistinguível que torna impossível não a notarmos. 

365 acaba, consequentemente, como mais uma tentativa falha de rejuvenescer um estilo controverso e revigorante do Pop Oriental. Ao menos por enquanto, os saudosos continuarão e lamentar pelas madrugadas.


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