Red Velvet: Rookie - Mini Album Review.


Lá vem o Carlos para mais uma review de álbum da SM Ent. Juro que não sou pago (precisa jurar?!), mas a maioria de meus atos favoritos vem de lá - exceção atual do Gfriend. Além do mais, vocês ignoraram tristemente a resenha do LP do Bolbbalgan. Seus malvados.

O que já podemos concluir de Rookie, entretanto, é que dividiu bastante as opiniões. Deixando de lado os extremistas do Youtube, que vivem numa eterna gangorra sem meio-termos, sempre alguém a tentar gladiadoramente estar por cima, a impressão que tenho é que os blogueiros mundiais do K-pop que escrevem em idiomas que entendo, se decepcionaram com Rookie. 

Eu adorei, como viram no post solo, mas respeito. É uma faixa ousada e deliberadamente bizarra, o que costuma atrair opiniões dissonantes. O que não se pode negar é, entretanto, a qualidade de seu álbum, o melhor mini do veludo vermelho by far. Se a empresa parece ter matado a dicotomia fascinante das meninas em singles, o EP possui bons exemplos de melodias que se encaixariam bem nas divisões conceituais que tanto esperamos.
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Sem mais delongas, vamos para a review.


Se prestarem atenção, verão que é muito comum termos uma intro ou faixa aleatória a abrir o conteúdo do disco. Suzy, CLC e AKMU fizeram isto em Janeiro, por exemplo. A SM, porém, ainda é presa na ideia de iniciar a experiência com o produto principal, como aconteceu nos EPs de Seohyun e do NCT. Isso pode funcionar se o single vender bem a ideia geral do álbum, só que Rookie não faz isso. E com sua estranheza toda, pode afastar de imediato vários ouvintes, o que é um problema, já que não são muitos que escutam discos completos.

Mas como disse, eu adorei Lookie; li muito que a canção mata a originalidade construída até aqui pelo Red Velvet, as colocando numa massa de mesmice. Não faz sentido. Pode-se questionar sua virtuosidade no geral, mas não a pouca inventividade do processo. É excêntrica, creepy, colorida, e com traços infantis, uma mistura simplesmente incompatível e fumada que tem seus maiores méritos e identidade nesses princípios. Respeitadas críticas da execução, não é cabível qualquer comentário que sugira estagnação ou adesão genérica.



Aos sobreviventes, Little Little entrega um lado Velvet puro e ligeiramente superior a todo The Velvet, atrás apenas da elegante Automatic. Sem grandes invencionices, o arranjo se apoia na força vocal de Wendy e o inspirado refrão para nos transportar até o fim, beirando o perigo da repetição em sua melodia contida. É um grande problema deste estilo sonoro, e talvez até por isso dificilmente veremos um ato tão mainstream promovendo com ele novamente.

Mas a SM nunca foi conhecida por produzir álbuns estáveis. Happily Ever After é uma reviravolta e tanto. Típica b-side do lado Red, exala juventude e inocência, como um alegre e despretensioso conto de fadas. É leve e brilhante, mas pouco marcante.

Talk To Me é minha favorita. Certamente entre o top 10 das meninas. Sem perder a essência de RnB, serve como bom meio-termo entre as duas antecessoras, com direito a uma intro macabra, fazendo jus a title track. O advento das batidas eletrônicas é a grande conspicuidade da música, mas bem acompanhada pela divisão digna entre integrantes, o que evita tornar a experiência previsível. As variações no breakdown, ali pelos 02:22, são um bom exemplo de que os envolvidos aqui estavam em um bom dia. Difícil achar algo semelhante, assim como Rookie, mas sem invenções tão radicais, o que facilita a aceitação da capopeirada.
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Talk To Me é minha favorita, mas Body Talk perde por pouco. Outra que merece o excelente em sua descrição, denota a forte raiz Ocidental presente cada vez mais no Pop Coreano, análogo ao que artistas teen andam a entoar neste lado do Globo - penso em Ariana Grande em The Way. Ainda que tenha o crescendo no refrão, possui um clima mais denso e melancólico que o restante do conjunto. É o que mais se aproxima de uma linha new age transcendental, com o bom uso módico de sintetizadores, deixando o destaque para os vocais. Para um release mais convencional e cabível de expandir sua marca, poderia servir como single.

Com o bom nível mantido principalmente nas duas últimas faixas, é uma pena que o ending seja tão básica, o que trai a própria temática nada ortodoxa e comum do álbum. Adoro Wendy e Last Love não é ruim, mas frugal demais para se encaixar no meio de Rookie. Se assemelha a trilhas de doramas ou algum lançamento apertado do Station que ninguém daria bola não fosse o enorme talento da artista, que transpõe em sua voz emoções com uma primazia reservada ao primeiro escalão de Idols. No entanto, mesmo nesta vertente romântica, ela já faz melhor em sua época do Pré-debut, na intensa e melosa Because I Love You.

Digo e repito que não se trata de um produto falho. Quem acompanha o Delírios há mais tempo sabe que, ao contrário de vários colegas, sou fã de baladas e osts, tanto que o blog possui o quadro de pacotão para elas. O gosto amargo é devidamente por soar desencaixada no plano geral. 



Prós e contras esmiuçados, é justo dizer que Rookie passa com folga na avaliação do Delírios. Com ao menos 3 boas canções e no máximo uma esquecível, passará tristemente batida por quem negligencia a existência além da main track. A fase das meninas é de instabilidade, mas o talento, habilidades e o carisma estão lá. É só saber usar. Aos desgostosos, cabe esperar. Abandonar não é o caminho para nada. Não tão precocemente.

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