As Melhores Músicas de 2016: Top 10.


Finalmente. É difícil, complicado, cansativo e tortuoso. Mas também frutífero e compensatório. O top 10, as melhores, para muitos, a única parte do ranking anual que vale a pena, está oficialmente lançada. Assim como as tracks que estiveram entre 24 e 11, são todas de grande estima para mim, 10/10, mas com características que a privilegiam e facultam um favoritismo.

Antes de começarmos, é válido dizer, é claro, que se trata de uma lista pessoal. Se acalme caso sua fav não esteja aí. Respire e encare. Vamos lá:

10º Wonder Girls - Why So Lonely


Pelo segundo ano consecutivo, um dos atos mais longevos do cenário apareceu de intrusa na festa das menininhas para mostrar que ainda tem muita lenha pra queimar com o tanto de talento, disposição e criatividade encapsulado no quarteto maravilhoso. Se como Reggae não inova, como Reggae também surpreende pela imprevisibilidade que é ver tal estilo no K-pop 2016. Velha história de que talvez em outro ano fosse diferente, mas como não é, o exercício hipotético torna-se inútil e resta aceitar que estamos diante de alto muito bacana e deu.

FEM feat. Tiffany - Don't Speak


Com exceção de Sailing, não tivemos nada do SNSD em 2016, mas os solos e duetos das integrantes compensaram, pois mesmo as que não marcaram presença no top tiveram seus méritos - com exceção do single chinês Yoona, sejamos honestos. Dentre todos, Fany se destacou com três bons esforços numa mesma pegada Synthpop retrô de I Just Wanna Dance e Hearbtreak Hotel, mas que teve seu ápice na grandiosamente minimalista Don't Speak, também melhor coisa já feita pelo FEM. Pode ser meio injusto colocar isso num TOP de Asian Music, mas relevamos pela presença de Fany, que parece ter aceitado os limites de suas instáveis cordas vocais (oremos), o que a faculta extrair o máximo de si com notas sentimentais e reverberantes em tons menores, mas que funcionam. E um vocal bom bem utilizado vale muito mais do que um fenomenal sem acompanhamento adequado. Vai fundo, Tiffany, tô contigo.

Snuper - Platonic Love



WOW. Apenas, WOW. Muitos já tentaram mimetizar o synthpop new wave anos 80, mas o que os ticos nugus fizeram aqui é além do excepcional, além até do que o Reboot, que foi uma grande homenagem à sonoridade mencionada. Platonic Love abraça fielmente a época que retrata, não apenas musicalmente, como na estética cafona, multi-colorida e constrangedoramente fascinante. Melhor lançamento de boygroup do ano. O número de visualizações é simplesmente um crime ao bom gosto. Não culpem se os caras abraçarem o genérico no futuro.

Eunji - Hopefully Sky


Eunji, essa pessoa doce e querida tardou a "solar" (HÁ), mas quando o fez, brilhou tanto quanto sua áurea angelical (ui). Seguindo a linha puritana do Apink, mas com liberdade para explorar e aproveitar mais a si mesma como bem entender, nos brindou com um instrumental folk e com gaitinhas (o que amo). A guria da boca grande carregou a letra de elegia e sentimentos pessoais, dando mais camadas do que o esperado para o que superficialmente soa como uma harmonia apenas doce e cor-de-rosa.

REOL - YoiYoi Kokon


O divertido Sigma é recheado de boas faixas, mas YoiYoi Kokon merece a nota especial por pegar os vocais esganiçados da utaite e a backtrack agitada e acrescentar batidas típicas japonesas, o que a torna o epítomo do disco, reunindo todas suas qualidades em um máximo de aproveitamento.

Aimer - Ninelie


Aimer, uma das animedivas japonesas, liberou um álbum bem acima da média este ano - Daydream -, e o destaque da tracklist se dá pelo ending do anime Koutetsujou no Kabaneri - também a melhor coisa da obra, que só não merece a alcunha de deplorável pela animação. Baladinha bem construída de forma que cerca de 2/3 de sua duração seja uma preparação lírica e emotiva para uma explosão que ameaça acontecer várias vezes, mas apenas ocorre em última hora, o que amplia consideravelmente seu impacto. Para aperfeiçoar o ótimo arranjo, o timbre mais rouco da artista se adéqua invejavelmente com o clima mais filosófico e taciturno da melodia.

Utada Hikaru - Michi



Existem muitas formas de desabafar e enfrentar seus demônios internos. Porém, apenas um gênio como Utada Hikaru para canalizar tantos enfermos e energia negativa num conteúdo extenso, significativo e artisticamente relevante que é o Fântome. O LP, que funciona impecavelmente em uma experiência única, contínua e compenetrada, perde um pouco de esmero fora de contexto, mas Michi (estrada) foi realizada com tanta inspiração que é recomendável em qualquer situação. Atraente sonicamente com elementos mais contemporâneos e eletrônicos, aderindo inclusive ao Dancehall, Michi também tem algo a dizer e discutir, e mesmo que não saiba o que a letra diz, o vozeirão de Utada é exitoso em transmitir uma sensação exata do que as palavras querem dizer; carregada de pesar e angústia, mas também determinação e força. É como aprofundar-se no interior solitário e sombrio de alguém desesperado por um recomeço. Tudo isso é, repito, sentido mesmo por seres ignorantes à letra. Poucos músicos teriam capacidade para tal.

 Heechul feat. Kyung Hoon - Sweet Dream 



O despretensioso Station de Heechul e a turminha do Knowing Bros foi divulgado mais pela piada (ao menos espero que todos considerem isso) que é o ~relacionamento~entre o veterano do SuJu com Momo, mas entregou muito mais do que isso; um produto virtuoso e impressionante. Uma baladinha rockish que mantém traços dramatúrgicos e melódicos do gênero, contribuído por um MV bem-humorado e acordes de guitarras sinestésicos.

Gfriend - Rough


Em ascensão meteórica desde seu debut que em muito lembrava Into the new world, o Gfriend teve um ápice precoce no início do ano, na invernal Rough, que consolidou as características marcantes do grupo - riffs, gritos, coreografia complexa, os sintetizadores frenéticos e os vocais Kawaii -, mas com uma intensidade e carga dramática orquestrais que a fazem merecer uma posição tão alta no ranking e despontar como ato mais interessante da nova geração.

Perfume - Cosmic Explorer


Em 2001, com seu segundo álbum, o Discovery, a dupla do Daft Punk entregou a sonoridade que mais poderia se aproximar do que temos em concepção de uma trilha espacial. Agora, em 2016, finalmente alguém chegou perto e emulou seu excepcional trabalho, mas com características próprias. Cosmic Explorer poderia perfeitamente ser encaixada em algum momento do Interstella 5555, longa que utilizada todo o LP dos DJs franceses para contar a história. Tridimensional, transcendental, uma exploração cósmica, íntima e dançante. Um dos melhores hits do trio - e isso quer dizer muita coisa. A ausência de um clipe deveria render prisão perpétua aos responsáveis.
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              [80 - 67] . [66 - 53] . [52 - 39] . [38 - 25] . [24 - 11]

E é isso, meus queridos. Agora foi. Gostaram do top 80? Acharam as dez melhores justas? O que faltou? O que discorda? Não se acanhe para elaborar sua opinião;

Votações para o Delírios Awards encerram hoje. Última chance de garantir a vitória de seus favs.

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Feliz ano novo pra vocês e até 2017.

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