AOA: Runway - Album Review.


Quando fiz o formulário de 500 likes e ainda hoje, em respostas enviadas, muita gente me diz que gostaria que o Blog realizasse mais reviews de álbuns.

Confesso que tenho parcela de culpa nisso, afinal, tivemos o Street, LOL e um outro EP que poderiam ser resenhados. Mas, no geral, convenhamos que o ano não foi dos melhores pro K-pop, e mesmo no J-pop não foram tantos os álbuns notáveis.

Como criticar todo um LP ou até EP dá trabalho, o faço apenas quando bate a inspiração forte e ele realmente merece. Nem tinha mais esperanças para isso em 2016, mas, surpreendentemente, o tive com o segundo Full japonês do AOA, minhas faves, mas que não costumam entregar materiais longos sólidos - com exceção, justamente, do Good Luck, que tem ótimas b-sides.

Bem, como Runway possui, além de suas inéditas, quatro canções já lançadas previamente, algumas apenas adaptadas ao idioma, vou focar no que há de novo no trabalho das meninas, com breves opiniões do que já ouvimos antes. Vamos lá:

Nada de spotify dessa vez. Você pode obtê-lo através do meu amigo k2n.
aoa wow war tonight gif

Sem espaço para intros curtas, já somos apresentados ao conteúdo de maneira frenética e agitada, com a title track Runway, um electro mais agressivo e genuinamente nipônico do que os trabalhos anteriores das Angels na terra do Godzilla - com leve semelhança rítmica com Give me the love. A faixa se sentiria em casa no excelente Dress to Kill, do After School, e certamente merecia um PV para si.

O follow-up se dá por OK!, que mantém o clima techno de sua antecessora, mas evoca também o Disco retrô, algo ainda não explorado em sua discografia coreana e que, sem hipérbole, poderia facilmente entrar num Top do grupo. Apesar da pouca variação sônica, os OKs seguidos dos sintetizadores suaves geram uma melodia única que garante a experiência sem soar repetitiva.


A seguir, finalmente chega WOW War Tonight, o single promocional do projeto, também um electro, mas completamente ao avesso de Runway. A sonoridade mais pesada dá lugar para vocais leves e um instrumental que nunca chega a um clímax catártico, mas funciona exatamente por isso, pois quando temos alguma amostra mais uptempo, no rap da Jimin, a sensação é de estranheza e de que aquilo não deveria estar ali. Seria mais sensato remover um minuto de sua duração e o rap, deixando apenas os versos regulares.

Em quarto na tracklist, Muah é mais uma inédita do conjunto, e seguindo a linha apresentada, temos um Electro, porém, novamente nada semelhante a tudo oferecido previamente. Muah é inofensiva e bobinha, tanto na (falta de) intensidade dos vocais quanto no uso dos sintetizadores e até os xubirubira. Parece até algo saído dos EPs japoneses do Apink. Ao contrário de WOW, ao menos, Jimin ganha destaque em sua seu curto Break, o mesmo de sempre para a voz fina esganiçada da rapper e líder do ato.



Após isso, são três velhas conhecidas: Cherry Pop, Give me the love e Good Luck. Todas, adivinhem, completamente dissonantes entre si, mas ainda assim com qualidades individuais. Cherry Pop transita pelo clima praiano do Good luck, época em que foi criada, com elementos de Rock e Surf Music, enquanto Give me the love, colaboração com o sertanejo velho-que-quer-ser-novo Takanori Nishikawa, deveria ser inseria após Runway pela similaridade das propostas - electro ágil e nervoso. Good Luck é um Pop familiar jogado aí no meio.

Love Gave Me You retoma as inéditas e inicia a porção final do álbum, diminuindo o ritmo e adotando o synthpop radiofônico de 10 Seconds. Até por isso, ao contrário dos primeiros 2/3 de Runway, LGMY ficou mais encaixada em seu contexto, com versões japonesas da própria 10 Seconds e Still Falls the Rain vindo em sucessão. Apesar de aderirem gêneros diferentes, a pegada mais downtempo adotada pelas três torna a trinca fluida e orgânica. Ademais, só o fato de não ser uma baladinha romântica genérica, o que seria natural pela letra, já é um alento. 

O canto do cisne é com Perfect Strangers, single de Jonas Blue com JP. Cooper, que tenta expandir sua marca no mercado asiático com AOA, assim como David Guetta e Alesso fizeram recentemente com Namie Amuro e Jolin Tsai - cada um trabalha com o artista que acha merecer, né.

Bem, caso não conheça a original, trata-se de mais um Tropical House desovado em 2016. A versão com o bonde da ChoA deve agradar mais àqueles que, como eu, têm uma predileção por vozes femininas ou simplesmente por algo fruto da Ásia. Quanto à primeira afirmação, basta ouvir o timbre de Cooper para notar como a canção soa mais íntima e climática quando entoada por Seolhyun e suas amigas, pois casa melhor com a backing track minimalista. A transição de várias cantoras na mesma melodia é um acréscimo que mantém o tom de novidade, ao contrapasso da "verdadeira", que não tem tal benefício. Isso só vale, é claro, se ainda suporta o lado Tropical do House em seus tímpanos.

Se sim, é uma maneira agridoce e digna e encerrar um álbum acima da média e que denota ainda mais o talento do AOA, seja através de farofas ou aventuras por outras sonoridades. Espero poder dizer o mesmo do Full Koreba que vem aí.

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