Abençoado por JYP, I.O.I finalmente lança um single decente.


I.O.I é um sucesso. Seus MVs recebem milhões de visualizações, os singles vendem bem e a marca das garotas é das mais fortes entre Idols.

Tudo isso, imagino, se deve ao carisma e beleza das integrantes, e principalmente, do estrondoso êxito que foi o Produce 101.

Pois desde o fim do programa, todos os singles realizados pelas meninas não justificaram essa celebrização exacerbada. Sua trilogia inicial (Dream Girls, Crush e Whatta Man) passou longe de empolgar e cumprir com a expectativa.

Agora, com Very Very Very, elas finalmente lançam algo que valha mais do que uma ou duas escutadas.

Confira:

A track não inova em nada a escolha conceitual que o I.O.I se propôs a trabalhar, que é um clima agitado, descontraído e divertido, sem grandes pretensões nesses poucos meses em que o conjunto existirá.

Nada contra isso, afinal, como sempre digo, mais vale algo simples e bem feito do que invencionices e "ousadia" sem inspiração, como os 300 PBR&B feitos por aí.

Só que, em seus releases anteriores, mesmo utilizando de um cerne convencional e simplório, elas ainda não tinham acertado em nada. Uma backing track genérica, refrões esquecíveis, coreografias automáticas, visuais não chamativos. Enfim, uma série de fatores me fez simplesmente perder qualquer esperança com o ato.

É oportuno, então, que justo quando a expectativa era tão baixa quanto a que tenho para comebacks de Sistar e Hello Venus, elas finalmente entreguem algo que valha a pena dar replay.

Very Very Very mantém a simplicidade de sempre, só que com alguns acertos em relação ao que comentei dois parágrafos acima. O synthpop enérgico nos carrega pela faixa de maneira veloz, e pelo curto tempo (3:27) não chega a entendiar, mesmo sem grandes alterações melódias; o refrão é definitivamente grudento e, pela primeira vez, temos uma estética conspícua, tanto nos figurinos quanto na direção esquizofrênica e curiosa.

O presentinho do tio massa véio JYP pra sua pupila Somi parece ter dado certo.

Tudo bonitinho, elogiável e bacana, como adoro dizer. Agora, sejamos francos ao dizer que Very x3 funciona justamente pela falta de originalidade. Sim, já é conhecido o fato do K-pop, por natureza, ser uma grande diversidade de apropriações culturais e de gênero. Porém, aqui e acolá, o trabalho dos grupos coreanos é justamente dar identidade para o que trazem de fora.

E a cópia de I.O.I é do que vem de dentro, mais precisamente, do Red Velvet. Apesar do tombo monumental dado em One of These Nights, as gurias do veludo vermelho estão entre as mais inovadoras e experimentais do K-pop em cenário atual - não à toa as similaridades com f(x).

E o sucesso crítico e comercial que elas atingiram, é claro, se torna um poço e chamariz para influenciar outros girlgroups. Já ocorreu com Mr. Potter, do DIA, que repaginou Ice Cream Cake podremente, e agora com Very Very Very (não aguento mais escrever isso) recheado de elementos análogos a Russian Roulette

É inevitável reconhecer semelhanças claras entre o synthpop, as cores do figurino e até como o MV foi montado e dirigido. Graças a essa indiferença das empresas em revelarem os diretores dos clipes, acabo por não saber o nome de quem é responsável pelas filmagens, mas é o mesmo estilo "esquisito" e insólito de Russian Roulette, Dumb Dumb e até One of These Nights.

Se eu me importo? Na verdade, fico até feliz por ver uma de minhas favs ditando tendências. E além do mais, o original está sempre disponível para revisitarmos.


Ah, o EP tem uma faixa bem boa chamada PING PONG. Ouça aqui.

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