Alerta Spoiler: Só leia o texto a seguir caso tenha finalizado toda a obra Orange. Do contrário, assuma por conta e risco os detalhes revelados.
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Orange(2012-2015), de Takano Ichigo. |
“Se você chorar sozinho novamente, ou até mesmo chegar a um
momento em que você ache doloroso demais apenas viver, então eu prometo que te
salvarei, de novo e de novo."
Que tipo de vida viveríamos se algum dia recebêssemos uma
carta do futuro, contando nossos maiores arrependimentos? Orange foi um belo
exemplo disso. O mangá, que conta a história de Naho, uma menina do colegial
que um dia recebe uma carta dizendo que irá entrar um novo aluno em sua classe,
e que ela se arrepende de não poder tê-lo salvo, chegou ao seu final após 22
capítulos e nada além do esperado nos últimos momentos com aquelas personagens,
porém mais do que satisfatório.
Sejamos sinceros: todos temíamos que o final de Kakeru se
repetiria, mas todos sabíamos que não seria o ocorrido. Isso não impediu que a
história perdesse nenhum ponto no desenrolar da trama: cenas emblemáticas e
diálogos de quebrar o coração não faltaram. O que foi aquela cena na sala de
aula em que a Naho e o Suwa conversam com o Kakeru sobre os pensamentos
suicidas do rapaz?
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Naho e Kakeru. |
Acho que um conceito interessante que foi desenvolvido através
dos capítulos, foi a ideia de que o futuro mais amplo realmente poderia ser
mudado alterando pequenas coisas do cotidiano. Apesar de correr para a solução
mais óbvia (e a única também) – universos paralelos – o mangá consegue falar
bem disso. Claro que foi possível mudar uma coisa ou outra, mas a morte da mãe
e a primeira tentativa de suicídio foram suficientes para instaurar uma dúvida
necessária para continuarmos lendo a história.
Mas o ponto mais forte da história inteira é a amizade. Como
esses personagens estão dispostos a tudo para salvar o amigo, que de início
pouco conheciam. Suwa, por exemplo, faz um dos maiores sacríficos para a
felicidade geral da nação, mesmo sabendo da dor que isso vai lhe causar. E
todos os outros estão sempre de prontidão para darem o seu melhor para salvarem
o Kakeru. Orange é um belo retrato de
uma amizade provada por situações extremas.
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O desenvolvimento do relacionamento entre os personagens é um dos pontos fortes do mangá. |
Outro ponto interessante do último capítulo é como o
suicídio, no final, não aconteceu apenas por uma escolha do Kakeru. Seria fácil
colocar alguém para salvá-lo e forçar todo um drama de “não sei o que eu estava
fazendo, desculpa”, mas o personagem quase cometeu o ato (aliás, eu esperava
que ele morresse. Não conseguia ver um final aceitável com ele continuando
vivo) e o próprio desistiu, nos mostrando que todas aquelas pequenas mudanças
diárias – a comida preparada por Naho, o time de futebol – foram, sim,
importantes para o personagem. Divagando um pouco, mas nos faz pensar o efeito
de pequenas coisas do cotidiano na vida das pessoas a nosso redor.
Mas como dito anteriormente, o final dessa linda história
não foi nada além do esperado. Foi bom? Claro. Acompanhar o desenvolvimento
desses personagens e o desenrolar da história foi prazeroso e cheio de altos e
baixos (emocionalmente). “Kakeru, não morra. Eu não quero perder você.” Chorei.
E quando a Naho pensa: “Até mesmo quando ele está triste, ele sorri como
sempre. Mas o que “sempre” significa? Ele tem sorrido dessa forma desde que eu
o encontrei pela primeira vez. E eu não notei sua tristeza por trás daquela
face sorridente. Algum dia eu quero ver o Kakeru sorrir. De verdade.” Opa, olha
só outro cisco.
No fim, é uma história sobre culpa e arrependimento. O que
deveríamos ter feito, mas não fizemos. O que não deveríamos ter feito, mas
acabou acontecendo. O Suwa diz, em certo momento, para Kakeru: “Pare de
sentir arrependimento. Você não fez nada errado.” E é a maior verdade. Esse
arrependimento de todos os personagens, no fim, não pode resolver nada (até
mesmo no caso das cartas, o que foi resolvido foi em outro universo paralelo e
que provavelmente aconteceria naturalmente, sem as cartas, em algum outro
universo). Não há certo ou errado no passado para eles. Foi o que aconteceu e
ponto. Lidar com isso, claramente, é o problema.
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Notas do Editor:
- Apesar de (infelizmente) nenhum estúdio ter arcado com a responsabilidade de adaptar o mangá para uma versão em anime, podemos ao menos nos alentar com um
live action, com lançamento previsto para 12 de dezembro, no Japão. Assista o teaser clicando
aqui.
- O mangá ganhará
distribuição nacional através da editora
JBC, que ainda não divulgou previsão de lançamento, o que deve ocorrer ainda no segundo semestre de 2015.
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