Os Animes que Marcaram Minha Infância - Digimon

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Eles vão se transformar, para o seu mundo salvar...

Talvez seja difícil para as novas gerações conceber isso, já que devido a popularização da Internet e proliferação dos fansubs, o fã brasileiro tem acesso quase imediado aos mais variados animes, mas houve uma época em que as coisas eram bem diferentes, e o "otaku" tupiniquim dependia da TV aberta e as saudosas revistas Ultra Jovem, Herói e AnimeDo para conhecer ou ter acesso aos desenhos japoneses. Haviam sim fansubs, mas as tecnologias então eram muito mais rústicas, sendo que as obras legendadas e gravadas por fãs eram distribuídas por meio de fitas VHS, que davam amis trabalham e eram menos práticas que o streaming atual.

Apesar da falta de acesso e versatilidade, o final dos anos 90 e início dos 2000 tiveram uma importância ímpar para esse que vos escreve, já que a paixão pela cultura oriental teve início com as infinitas reprises das aventuras de heróis como Goku e Ash através dos mais variados canais durante a década passada. Foram anos limitados, mas com seu charme e nostalgia, escreverei 5 Posts distintos falando dos 5 animes que mais marcaram minha infância, ajudando a contribuir com a pessoa que sou hoje.
Na década passada, era através destas revistas e álbuns ilustrados que o Otaku brasileiro descobria novidades de suas obras favoritas e também conhecia novos animes e mangás.

Digimon
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3 de julho de 2000. Essa foi a data de estreia de "Digimon Adventures" na Rede Globo, o anime já passava na extinta Fox Kids(atual Disney XD), mas foi sua chegada a TV aberta que alavancou o fenômeno dos monstrinhos digitais. O canal trouxe o programa embalado pelo sucesso de Pokémon, transmitido na rival Record, e assim, quem ganhou foram as crianças que podiam assistir os dois programas numa mesma manhã.

Digimon passava no antigo Angel Mix, programa infantil da apresentadora Angélica, que inclusive cantava a abertura nacional, mais uma tentativa da Globo de rivalizar com Eliana, que tinha uma versão sua para os monstrinhos de bolso da emissora rival.

Rivalidades a parte, as aventuras de Tai, Matt, Izzy, Sora, Mimi, Joe, T.K. e Kari conquistaram a criançada, e mesmo sendo um anime com foco num público infantil, através de batalhas e monstros, Digimon tem uma certa complexidade em seus personagens que transcende o gênero em si. No quesito animação, a TOEI realizou um trabalho atípico do seu padrão - muito melhor, pra deixar claro. Não apenas as batalhas e golpes eram muito fluídos, como o traço dos personagens era belo e criativo, e isso aliados as suas personalidades, tornava muito fácil uma identificação e empatia.

A personalidade dos escolhidos, aliás, é algo que se sobressai em seu enredo, pois ao contrário de seu rival, aqui ocorre uma maturação e desenvolvimento muito grande dos mesmos, suas angustias e inseguranças são debatidos em tela, tornando-os mais humanos e verossímeis.

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Cada personagem recebeu um brasão qual representa sua personalidade, e os questionamentos se o merecem são implicitamente frequentes na saga, assim como questões de moralidade, amizade e egoísmo. Apesar de ser o protagonista, Tai não é o herói perfeito, ele comete erros, se torna obsessivo por poder, as vezes até prejudicando seus amigos e Agumon. E esses desvios de caráter são elaborados em todos os digi-escolhidos.

Em seus 54 episódios, a relação entre os humanos e seus digimons é muito bem construída, com momentos marcantes, e como toda relação, ocorrem brigas, tensões e mágoas, são sutilezas difíceis de se perceber quando criança, esperando as batalhas e golpes, mas que de fato estão em sua trama, mesmo que em menor grau.
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Outro fator interessante em Digimon é a forma como os sentimentos das criaturas são mostradas. Como a grande maioria dos seres digitais falam, eles são capazes de expor suas ambições, frustrações, receios e desejos, não parecendo apenas seres irracionais e selvagens(com algumas exceções, é claro).

Digimon também teve, talvez, a maior divulgação de uma animação para TV no país, e isso numa época em que raramente utilizavam-se chamadas para programas infantis. O fenômeno foi gigante, eram revistas e brinquedos encontrados em larga escala em livrarias e lojas, principalmente réplicas do digivice original,

Revista Recreio datada de 13/07/2000, falando sobre o estrondoso sucesso do anime da TV. Numa época de pouco acesso a Internet, era um dos principais meios de divulgação e novidades sobre programas derivados.

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Miniaturas como essas eram comumente encontradas em livrarias e lojas de brinquedos.










A Globo chegou a passar as 3 primeiras continuações do anime, mas sem jamais igualar o sucesso estrondoso que a 1ª temporada obteve. O anime continua tão querido, que com o anúncio do lançamento de Digimon Tri, utilizando os mesmos temas musicais e personagens originais, gerou-se uma comoção na Internet.

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Digimon Tri será divido em OVAs, sendo a 1ª, intitulada Saikai(Reunião em português), com lançamento previsto para 21 de Novembro deste ano.


E aí, Digimon fez parte da sua infância também? 

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